] quarta-feira, agosto 27, 2008
 
VEJA pra crer

e a Veja online não tem um puto espacinho pro comentário. ainda bem, porque se tivesse eu ia perder a compostura comentando isto:

(clique aqui pra ver o original)

(grifos em vermelho = vou comentar no final)

Educação | Ideologia
Prontos para o século XIX

Muitos professores e seus compêndios enxergam o mundo
de hoje como ele era no tempo dos tílburis. Com a justificativa
de "incentivar a cidadania", incutem ideologias anacrônicas
e preconceitos esquerdistas nos alunos[1]


Monica Weinberg e Camila Pereira

VEJA TAMBÉM
Nesta reportagem
Quadro: educação ou doutrinação
Nesta edição
Você sabe o que estão ensinando a ele?
Exclusivo on-line
Mais dados da pesquisa: Literatura e internet

Tema para reflexão: vale a pena usar chocadeiras artificiais para acelerar a produção de frango?[2] Deu-se com isso o início de uma das aulas de geografia no Colégio Ateneu Salesiano Dom Bosco, de Goiânia, escola particular que aparece entre as melhores do país em rankings oficiais. Da platéia, formada por alunos às vésperas do vestibular, alguém diz: "Com as chocadeiras, o homem altera o ritmo da vida pelo lucro". O professor Márcio Santos vibra. "Você disse tudo! O homem se perdeu na necessidade de fazer negócio, ter lucro, exportar." E põe-se a cantar freneticamente Homem Primata / Capitalismo Selvagem / Ôôô (dos Titãs), no que é acompanhado por um enérgico coro de estudantes. Cena muito parecida teve lugar em uma classe do Colégio Anchieta, de Porto Alegre, outro que figura entre os melhores do país. Lá, a aula de história era animada por um jogral. No comando, o professor Paulo Fiovaranti. Ele pergunta: "Quem provoca o desemprego dos trabalhadores, gurizada?". Respondem os alunos: "A máquina". Indaga, mais uma vez, o professor: "Quem são os donos das máquinas?" E os estudantes: "Os empresários!". É a deixa para Fiovaranti encerrar com a lição de casa: "Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso[3]". Fim de aula.

Os dois episódios, ambos presenciados por VEJA, não são raridade nas escolas brasileiras. Ao contrário. Eles exemplificam uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças.[4] Parece bobagem, uma curiosidade até pitoresca num mundo em que a empregabilidade e o sucesso na vida profissional dependem cada vez mais do desempenho técnico, do rigor intelectual, da atualização do pensamento e do conhecimento. Não é bobagem. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular.[5] É algo que os professores levam mais a sério [5] do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por VEJA. Pobres alunos. [6]

Divulgação

"Capitalismo selvagem"
Colégio Dom Bosco, de Goiânia: Titãs e crítica às chocadeiras artificiais na aula de geografia

Eles estão sendo preparados para viver no fim do século XIX, quando o marxismo surgiu como uma ideologia modernizante, capaz não apenas de explicar mas de mudar o mundo para melhor, acelerando a marcha da história rumo a uma sociedade sem classes. [7] Bem, estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio em miséria, assassinatos e injustiças durante suas experiências reais no século passado. [8] É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras. As chocadeiras produzem os frangos vendidos a menos de 5 reais nos supermercados brasileiros, e isso propicia a dose mínima de proteína a famílias que, de outra forma, estariam mal nutridas. A realidade não interessa nas aulas como a do professor Márcio Santos. O que interessa? Passar a idéia de que as máquinas tiram empregos. Elas tiram? Tiraram no começo dos processos de robotização e automação de fábricas nos anos 90. Hoje, sem robôs e máquinas, os empregos nem sequer seriam criados. Mas dizer isso pode desagradar ao espírito do velho barbudo enterrado no novo Cemitério de Highgate, em Londres. Os professores esquerdistas veneram muito aquele senhor que viveu à custa de um amigo industrial, fez um filho na empregada da casa e, atacado pela furunculose, sofreu como um mártir boa parte da existência. Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos, é claro, lê-lo – pois Karl Marx é um autor rigoroso, complexo, profundo que, mesmo tendo apenas uma de suas idéias ainda levada a sério hoje – a Teoria da Alienação –, exige muito esforço para ser compreendido. [9] "A salada ideológica resulta da leitura de resumos dos grandes pensadores", diz o filósofo Roberto Romano. Gente que vê maldade em chocadeiras e mal em empresários que usam máquinas em suas fábricas no século XXI não pode ter lido Karl Marx. É de supor que não tenham lido muito, quase nada. Mas são esses senhores que ensinam nossos filhos nas melhores escolas brasileiras – sem, diga-se, que os pais se incomodem com isso. [10]

Mirian Fichtner

Lição de casa
Colégio Anchieta, em Porto Alegre: o professor pede aos alunos que questionem os "pais empresários"

A pesquisa CNT/Sensus ouviu 3 000 pessoas de 24 estados brasileiros, entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Sua conclusão nesse particular é espantosa. Os pais (61%) sabem que os professores fazem discursos politicamente engajados em sala de aula e acham isso normal. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças e acham que isso é sua missão principal – algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática. [ tá, sério, não tenho mais paciência! cansei de comentar o texto. não acredito que gastei tanto tempo com essa piada enquanto podia estar estudando sobre como a mídia doutrina e vende comportamentos. mentira. não é isso que eu estudo. porque eu não tenho estômago bom pra isso, sabe? só de fazer esses comentários a minha gastura aumentou em 50%. doutrinadores? sério? esse mundo tá um lixo mesmo! furunculose? devia ser complicado escrever sofrendo de tanta porcaria, né? ] Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido, uma vez que atribuem à escola, antes de tudo, a função de "formar cidadãos" – à frente de "ensinar a matéria" ou "preparar as crianças para o futuro". Muito bonito se não estivessem nesse processo preparando os alunos para um mundo que acabou e diminuindo suas chances de enfrentar a realidade da vida depois que saírem do ambiente escolar. Para atacar um problema, o primeiro passo é reconhecer sua existência. Esse é o mérito da pesquisa CNT/Sensus.

Divulgação

Ódio às máquina
Na sala de aula e nos livros, a tecnologia recebe a culpa pelo aumento do desemprego no mundo

Adversária do exercício intelectual, a ideologização do ensino pode ser resultado em parte também do despreparo dos professores para o desempenho da função. No ensino básico, 52% lecionam matérias para as quais não receberam formação específica – 22% deles nunca freqüentaram faculdade. Para esses, os chavões de esquerda servem como uma espécie de muleta, um recurso a que se recorre na falta de informação. "Repetir meia dúzia de slogans é muito mais fácil do que estudar e ler grandes obras. Por isso, a ideologização é mais comum onde impera a ignorância", diz o historiador Marco Antonio Villa. A questão não é exatamente nova na educação. Meio século atrás, a filósofa alemã Hannah Arendt já alertava para o equívoco de fazer das aulas um lugar para a doutrinação ideológica, qualquer que fosse o matiz. Em A Crise na Educação, ela dizia: "Em vez de (o professor) juntar-se a seus iguais, assumindo o esforço da persuasão e correndo o risco do fracasso, há a intervenção ditatorial, baseada na absoluta superioridade do adulto". Ao refletirem sobre o atual cenário, os especialistas concordam com a idéia central da filósofa. Está claro, e a própria experiência mostra isso, que o viés político retira da escola aquilo que deveria, afinal, ser seu atributo número 1: ensinar a pensar – verbo cuja origem, do latim, significa justamente pesar. Diz o sociólogo Simon Schwartzman: "O verdadeiro exercício intelectual se faz ao colocar as idéias e os juízos numa balança, algo que só é possível com uma ampla liberdade de investigação e de crítica".

Alexandre Battibugli

Consumo, esse vilão
Na cartilha, as sociedades de consumo se prestam a estimular a futilidade e poluir o ambiente

Não é o caso na maioria das salas de aula. Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado.

Entre as figuras históricas e da atualidade mais citadas em classe está, como não poderia deixar de ser, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As referências a Lula são contidas. O presidente brasileiro obtém aprovação menor entre os professores, segundo relatam os estudantes, do que aquela com que a sociedade brasileira em geral o brinda. Ele tem 70% de avaliação positiva dos brasileiros, mas na boca dos professores esse índice cai para 30% – com 27% de citações negativas e 43% de neutras. Ressalte-se aqui que é um ponto louvável para os mestres o fato de, como mostram os números relativos a Lula, eles não fazerem proselitismo eleitoral em classe – mesmo que seja preciso relevar o fato de o ditador venezuelano Hugo Chávez ter merecido 51% de citações positivas. A neutralidade e o comedimento em relação a Lula desautorizam a interpretação de que os professores tentam direcionar o voto dos alunos, o que seria desastroso. É sinal de que sua pregação, mesmo equivocada, se mantém no nível das idéias – o que é excelente.

Joedson Alves

Contrários à doutrinação
O advogado Miguel Nagib (sentado) fundou a ONG Escola Sem Partido, junto com outros pais: todos acharam na cartilha dos filhos exemplos de ideologia

"Eu e todos os meus colegas professores temos, sim, uma visão de esquerda – e seria impossível isso não aparecer em nossos livros. Faço esforço para mostrar o outro lado", diz a geógrafa Sonia Castellar, que há vinte anos dá aulas na faculdade de pedagogia da Universidade de São Paulo (USP) e escreveu Geografia, um dos best-sellers nas escolas particulares (livro que tem dois de seus trechos comentados por VEJA na reportagem seguinte). "Reconheço o viés esquerdista nos livros e apostilas, fruto da formação marxista dos professores. Mas não temos nenhuma intenção de formar uma geração de jovens socialistas", diz Miguel Cerezo, responsável pelo conteúdo publicado nas apostilas do COC (de onde foram extraídos quatro trechos comentados pela revista). À luz de outra pesquisa em profundidade feita pelo Ibope em colaboração com a revista Nova Escola, editada pela Fundação Victor Civita, os professores da rede pública revelam que, para eles, o principal problema da sala de aula é, de longe (77%), a ausência dos pais no processo educativo. Repousam na colaboração entre pais e professores a correção dos rumos do ensino no país e a aceleração da curva de melhora de desempenho que começa a se desenhar. A questão do excesso de ideologização é um desses problemas que podem ser abordados em conjunto por pais e professores. Demanda para o diálogo existe. O advogado Miguel Nagib fundou, há quatro anos, em Brasília, a ONG Escola Sem Partido, com o objetivo de chamar atenção para a ideologização do ensino na sala de aula. Nagib se incomodou com os sinais do problema na escola particular de sua filha, então com 15 anos, onde o professor de história gostava de comparar Che Guevara a São Francisco de Assis. Foi ao colégio reclamar. Diz Nagib: "As escolas precisam ficar sabendo que muitos pais não concordam com essa visão".

Com reportagem de Camila Antunes e Marcos Todeschini


[ 1 ]
estudei em escola pública estadual e fui obrigada a ter aula de religião (diga-se: catolicismo) e de engolir uma professora de história que certa vez defendeu o criacionismo. cresci (como uma das últimas, ainda bem) gerações que aprendem coisas de cartilhas escritas por conservadores com tendências fascistas. só agora me dou conta de que o "esquerdismo" é so last century! aliás, onde estava a Veja quando aprendíamos no colégio o que gente reacionária tinha escrito?

ai que bonita a montagem da caneta e do lápis como foice e martelo. achei tão criativa!

[ 2 ] sobre o relato a respeito dessa pergunta: vem cá, e por que as pessoas não conseguem comprar frango normalmente? seria porque elas vivem num país que dá o cu pro capitalismo há anos? mas o professor errou ao falar, genericamente, em chocadeiras. porque o processo de aceleração do crescimento dos frangos se dá por, também, administração de hormônios. hormônios estes que são altamente prejudiciais, a médio e longo prazo, pras pessoas. gerações inteiras estão comendo hoje o hormônio que amanhã vai diminuir a expectativa de vida delas e aumentar os índices de infartos, derrames, obesidade, hipertensão, amadurecimento precoce, problemas hormonais que podem, inclusive, gerar problemas nos futuros bebês. isso não apenas vai fazer o sistema de saúde explodir como vai gerar uma perda da capacidade produtiva no país dentro em breve.

[ 3 ] afinal, que bem pode ter em educar jovens para o questionamento de sistemas injustos, não? como é que podem os professores ensinarem os alunos a questionarem o empresariado sobre políticas de cidadania, bem estar social, empregabilidade, crescimento humano, qualidade de vida ou proteção do meio ambiente. né?

[ 4 ] neste exato momento me borrei toda, hein? principalmente com o argumento CRIANÇAS usado quando no exemplo prático eram alunos às vésperas do vestibular... criança é sempre um bom uso quando se fala de comunismo, já que os comunistas, a gente sabe, comem criancinha. com frango.

[ 5 ] fiquei com medo, sabe?

[ 6 ] pobres alunos mesmo. tão despreparados que vão sair do colégio. eu acho até que vou educar meus filhos em casa, com as velhas cartilhas onde aprendi. é mais seguro. é a doutrinação old school. literalmente.

[ 7 ] o marxismo foi aceito no século XIX? no século XIX a ideologia moderna e usada era o marxismo? puta merda, estudei pouco, hein? eu devia ter sido nerd, em vez de ficar matando aula pra ir pra biblioteca ler livros subversivos. gente! olha! se eu contar a minha mãe não vai acreditar que o marxismo veio pra salvar o século XIX!

[ 8 ] ditadura esquerdista? puxa. estou realmente surpresa que as ditaduras sejam cruéis. e miseráveis. achei que ditadura era tipo um apelido pra algo de sacanagem, uma coisa de diversão. mas eu também estou bem surpresa pelo fato de que algumas ditaduras ainda em vigência sejam, realmente, pura diversão. isso me lembra uma situação que aconteceu no Brasil faz uns anos. era ditadura, né? porque no colégio eu não lembro muito bem de ter lido sobre isso, mas eu soube depois que um país cruel foi quem ajudou as ditaduras mais cruéis na América Latina. o mesmo país que derrubou a ditadura do Saddam e agora implantou a ditadura mais cruel ainda que a de Saddam. mas eu nunca tinha tido conhecimento (meus professores deviam ser marxistas, só pode, pra serem tão canalhas...) que esse país era comunista. porque, né? ditadura e comunismo são quase sinônimos. não?

[ 9 ] fina ironia. e um tanto quanto confusa. jura que o Marx era um porcalhão? jura que ele era um cagalhão que gostava, como dizem de Hannah Arendt, dos luxos dessa vida? jura que ele foi contraditório? jura? ler Marx é pros fracos, mesmo.

[ 10 ] alguns dos meus professores não tinham dinheiro pra comprar nem roupa, que dirá ir numa livraria comprar Marx. alguns nem comiam frango. alguns ainda hoje não comem frango e continuam sem ler Marx. aliás, vou te dizer uma coisa, que mania, né? de falarem sem ler. aí ficam tudo assim, pensando mal duma chocadeira. achando um horror o desemprego por causa das máquinas. eu acho ótimo: mais férias pras pessoas, né? remuneradas.

[ Penkala ] 22:56 ] 10 comentários

 
eu uso óculos




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