] quarta-feira, julho 28, 2010
 
na minha imaginação, as conversas são diálogos de filme. e normalmente alguns roteiros são escritos pelo Charlie Chaplin. na minha cabeça, as frases são inteligentes, e a heroína sou eu. e ela sempre encara as indiretas, quebras as piadas de duplo sentido. e ela usa um par de coturnos do exército e finca o pé na porta e diz "ah, é? então vem!". na minha cabeça, eu sou Janeane Garofalo, a amiga nerd. só que no final eu passo de apenas alguém com quem "o papo é sempre muito bom" pra alguém que te faz dormir sorrindo.

na minha mente, tem alguma coisa meio de filme francês, em que eu faço fotografias pra te chamar a atenção. e tu fica olhando pra elas que eu sei. mas também tem uma truculência de Rocky I, II e III. e eu sempre ganho no final. 15 rounds, Apollo quase ganhando, mas eu tenho coração. na minha cabeça, eu sempre ganho essa luta. ou rola um filme de John Hughes e eu sou a moça que usa cueca samba-canção, luvas de motoqueiro e anda com uma baqueta. e tu é o Eric Stoltz bobo que tá de mimimi com a mocinha bonitinha de cabelo comprido enquanto eu sou a amiga que luta boxe. aí eu digo que comprei uma samba-canção de coraçãozinho e tu brinca que é mais a tua cara e eu, que sou uma Mary Stuart Masterson de cabelo curto, mas preto, te digo meio durona que isso tá soando a indireta.

na minha imaginação, eu tenho um cachorro, tu tem um cachorro, eu sou Diane Lane, tu é John Cusack, e pronto. e tu entende quando eu digo que o meu coração é um cachorro, que é tipo assim o THX comprando as pessoas com as moedas de cachorro dele, que ficam num bolso sem fundo e que existem em número infinito. na minha imaginação, eu sou bem sou durona feito o Clint Eastwood, mas eu só finjo que uso um escudo de ferro por baixo do pala. então não me provoca, porque eu sou apenas uma dessas meninas bobinhas de filme de sessão da tarde que ainda acreditam que um dia tu vai olhar pra mim e parar de ver a Meg Ryan atrapalhada. eu sou a estúpida coleguinha nerd que um dia vai chorar e te dizer umas verdades. na minha imaginação, é um diálogo forte que começa na chuva porque assim eu escondo que tou chorando. e então eu te digo que pare por favor de me provocar, porque eu tenho um coração frágil. eu sou a Amy que tu tava procurando e tu é o personagem que o Kevin Smith deveria ter dado pro Jason Lee, e eu te digo chorando que tenho sentimentos, e que toda a brincadeira tem um fundo de verdade e que estou cansada de jogar contigo e depois ir dormir sozinha e que tu pare, por favor, de brincar comigo.

eu não sou uma boa atriz, e na minha imaginação tu sabe disso e sabe que eu tou só fingindo que tenho sangue de barata, peito de aço, coração de pedra quando digo que tu vá embora e não volte nunca mais a falar comigo. na minha imaginação, eu sou durona feito Joan Jett e Cherie Currie juntas, mas em vez de chorar sozinha enquanto aquelas malditas agulhas me desenham na pele pra depois te mostrar só a parte docinha das minhas cerejas, eu estou lá mais pro finalzinho do filme, onde toca uma coisa meio cafona tipo "Love Hurts" enquanto tu segura a minha mão e o tatuador me faz mais uma tatuagem.

na minha imaginação eu sou Amélie, e eu fico imaginando tudo enquanto faço bolo. e enquanto o gato entra na cozinha, eu imagino que estejas voltando com a farinha, que tu teve que buscar porque acabou. e tu é exatamente aquele querido do Mathieu Kossovitz.

na minha imaginação, é como se o Robert Rodriguez e o Tarantino fizessem um faroeste meio HQ tipo Um drink no inferno, e eu sou a heroína que tira a mocinha pra escanteio. eu provavelmente seja uma mistura entre Beatrix Kiddo, Aeon Flux, algum personagem da Salma Hayek e Lara Croft. e eu só me ferro, porque eu sou a durona que luta o filme inteiro e pra quem tu paga pau, como todo bom nerd, mas no final eu fico sozinha. na minha história, isso aqui é um faroeste, e eu estudei isso direitinho. nos faroestes o herói fica sozinho. as heroínas tarantinescas voltam pra casa sozinhas também. eu não nasci pra ser mocinha. as mocinhas sempre ficam com os caras no final. só que a história é minha, eu sou boba mesmo, então eu decido. na minha imaginação, a heroína tira a mocinha pra escanteio. na minha história, a mocinha desaparece logo nas primeiras páginas do roteiro. e o mocinho fica com a heroína, que na verdade era a mocinha dele o tempo todo. na minha cabeça, eu sou, sim, a guria de óculos que não consegue deixar de ser meio estranha. mas a gente sabe que se a menina começa assim, ela é a protagonista. eu queria só que a gente parasse com a encenação.

[ Penkala ] 02:26 ] 0 comentários

 
eu uso óculos




CLICA QUE VAI:
www.flickr.com
Penkala's eu, casa & coisas photoset Penkala's eu, casa & coisas photoset

BLACK BIRD SINGING:

Get Firefox!








Powered by Blogger


RSS