] sexta-feira, dezembro 23, 2011
 
desaparecido dado como morto

eu, que achava que me tornar doutora marcaria 2011 como A COISA. nem. o ano foi cheio de mudanças. e a maioria delas, sem nenhum registro concreto. coisas boas aconteceram, e coisas ruins tornaram a degustação das coisas boas um prazer tomado na pressa, como quem alivia as dores comendo uma pastilha fina de chocolate, tentando aproveitar cada doçura como se isso fosse tornar o amargo depois menos amargo.

acabo o ano como comecei. sozinha e estressada. estressada porque ainda preciso correr muito atrás de sonhos que foram ficando pra trás ou ainda estão chegando a se concretizar recém agora. sozinha porque meu coração está vazio. eu sofri na carne a covardia alheia, então eu fico sozinha porque antes ser honesta e dar a alguém a oportunidade de ser feliz e correspondido de verdade que mentir, enganar, magoar, ficar ausente em presença, ser desleal com alguém e com tudo aquilo em que acredito.

mas não fico sozinha sem sofrimento. eu sofro porque deixar alguém que me ama é dolorido. eu sofro porque eu ainda não acordei de um coma de quase 3 anos. eu sofro porque eu ainda não abri, de verdade, meu coração. não por não querer. mas porque não aconteceu. eu me apaixonei. muitas vezes. mas paixões precisam da prova do tempo. e do concreto. e nenhuma dessas coisas, nem o concreto e nem o tempo, me foram dados. não sei se seriam amores ou se acabariam em um desencanto. mas desconfio que talvez eu nunca vá saber. e eu nunca elaborei o luto por uma grande perda. foi um caso de desaparecido dado como morto. caixão enterrado vazio. enterro de corpo ausente. há quase três anos, quando, lúcida, no meio de uma depressão que me tirou a sanidade por um tempo, eu disse pro meu terapeuta: as mães de soldados dados como mortos mas que nunca enterram seus filhos, são mães que nunca param de chorar porque elas nunca elaboram o luto. eu estou tão cansada de repetir isso e nunca conseguir engolir essa massa de sentimentos que estou ruminando há tanto tempo.

e não, eu não estou jogando a culpa mais em ninguém. porque as culpas existiram, mas isso não significa nada. não muda nada. estou simplesmente aqui lamentando o fato de que por incompetência ou falta de força, eu ainda não consegui superar. e o fato de ter empilhado muitos destroços sobre os já destroçados pedaços do que eu fui um dia não ajudou. um luto não elaborado foi abafado com uma série de relacionamentos que foram do doentio e perverso à tentativa honesta de ser feliz. da paixonite irresponsável ao relacionamento interrompido de forma bizarra e abrupta.

eu queria saber o que fazer. mas, por enquanto, eu só sei que hoje é 23 e faz um ano que quase morri em 2 acidentes e ainda não perdi o medo de viajar de carro, assim como faz quase 3 anos que tento superar a depressão, assim como faz tempo que eu acho que me levantei e, quando abro os olhos, de novo, estou no chão. eu desisti? não. mas isso é porque sou teimosa. o meu medo é que a cada porrada no muro, os pedaços de concreto que vão caindo possam estar me soterrando de vez. e, no fim, eu esteja por aí vivendo, mas não passe de uma morta-viva.

[ Penkala ] 01:35 ] 2 comentários

 
eu uso óculos




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