] domingo, julho 08, 2012
 
esta carta (numa garrafa solta no mar?) começa com: querido diário.

querido diário, hoje acordei de um sonho perturbador. não transformada em uma barata, mas perturbada. vim correndo tentar não perder o último fio de imagem que ainda guardava do sonho na cabeça. mas acabei perdendo. e, ainda com o coração quase saindo pela boca, tive a triste confirmação do quanto sou uma idiota, do quanto estou distante da realidade, do quanto queria ter algum alívio pro aperto que ando sentindo. estou confusa. meu mundo guardado numa caixinha no fundo da gaveta e estou confusa. a distância me aturde. queria que fosse mais fácil. que tivesse menos mimimi (odeio mimimi). queria que fosse menos dolorido, menos confuso. porque minha confusão não é de sentimentos. minha confusão é do que devo fazer com eles.

tenho tantos planos, querido diário. um deles ando escondendo de mim mesma porque se eu assumir como plano, tenho medo que vá ser destruído. é uma precaução estúpida, mas é uma medida de segurança contra a minha própria dor. há alguns anos aprendi a só ser feliz quando toco na realidade concreta. luto, dia após dia, pra realização dos planos que dependem apenas do meu esforço. me condeno quando não sou capaz de cumprir cada um deles. mas também luto, dia após dia, pra não depositar todas as minhas esperanças naquilo que não depende só de mim. porque sou passional e depositar esperanças, no meu idioma, significa abraçar com as pernas e braços. mas estou aqui agora, querido diário, admitindo que sou uma idiota, uma fraca. eu tenho planos, eu sonho muito alto. e tenho medo.

não tenho medo de patrolar as dificuldades com andar firme e algumas certezas que a vida da ciência me permite. não tenho medo de enfiar o coturno na porta quando estudei tanto tempo pra conquistar o que está lá dentro. porque cada fracasso na minha vida acadêmica e profissional é um desafio pra que eu seja ainda mais forte. eu tenho medo é de onde sou frágil. porque por baixo de toda a armadura que criei pra enfrentar desde o aluno de primeiro semestre até a recusa de um trabalho, eu quero coisas que muitos nem acreditam que eu queira, eu sou uma daydreamer bobinha de casinha com cerca branca (desde que dentro possa ter minha biblioteca, meu estúdio e minha sala de cinema modelo).

queria poder dizer, querido diário, que meu coração vive apertado entre a saudade e certeza dos meus sentimentos; e a admiração pelos sonhos alheios. queria poder dizer "hoy, eu fico realmente feliz que estejas vivendo essa experiência fantástica. eu fico feliz porque isso faz de ti aquilo que eu mais gosto". queria poder dizer que a mim, nenhum dos teus sonhos parece desfigurado. que apenas estou longe o suficiente pra ficar confusa. que queria poder te dar meu mundo e ter a chance de fazer parte desses sonhos, porque gostaria de ajudar a realizá-los. que eu acho que somos da mesma matéria, que somos iguais em mundos tão diferentes. que aceito teu humor assim como compartilho de muitos das tuas rabugices. mas, querido diário, eu sou uma idiota com medo. eu queria ser o segundo envolvido, querido diário. e adoro bulldogs, querido diário. adoro.

[ Penkala ] 15:04 ] 0 comentários

 
eu uso óculos




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