] sábado, julho 14, 2012
 
inked
tive uma crise de baixa auto-estima esses dias. não tem pessoa mais dura comigo que eu mesma. hoje mesmo meu orientando tirou 10 COM LOUVOR (o primeiro 10 COM LOUVOR do curso) e eu lembro de há bem pouco tempo, na qualificação dele, estar estressada porque achava que ainda tava faltando alguma coisa. e aí tem essas horas em que eu tenho essas crises, e fico soterrada por mil bigornas de baixa auto-estima. aí tava lá, desabafando com um amigo, quando ele me deu um soco.

cala a boca, meo! (o amigo, por acaso, é paulista. tem mais paulista em Pelotas que em SP. então esta frase deve ser lida com sotaque fortíssimo e a delicadeza peculiar)

cala a boca, meo! cê usa coturno e é toda tatuada, mano!

pedi que ele dissertasse sobre isso (é meu jeito de dizer: que porra isso tem a ver, criatura?). e ele disse que uma mulher que dá aula na faculdade de coturno é porque tem confiança em si mesma. e ninguém faz tatuagem em lugar super visível, ainda mais essas enormes aí, sem ter confiança no que é, disse ele.


engraçado.


eu, que achava que as tatuagens e os coturnos e até a armação dos óculos eram minhas defesas. de repente, foi como se me dissessem que o remédio que estou usando é placebo. e eu comecei a pensar se não é a tatuagem que me dá mais confiança, e não eu que deposito confiança nela. se não é o coturno que me permite enfiar o pé na porta. ou se não são os óculos que me protegem. e eu comecei a pensar no EU SOU. no que EU SOU e no quanto EU SOU tem importância pra mim. e em qual diabo será minha imagem pras pessoas?


como quando eu ouço de uma aluna (ok, ela tem 18, ainda precisa amadurecer bastante) que eu não tenho cara de mãe. eu, que me imagino grávida, toda tatuada, comprando camisetinhas dos Beatles tamanho 3 meses. pretas, claro. eu, que me imagino comprando coturninhos tamanho 33 na loja do exército, pro meu piá (ou minha piá) calçarem, porque é um sapato resistente e não precisa ser em couro. eu, que me imagino tatuando o nome de cada rebento, ou do um rebento. que me imagino levando a criança pra Paris e dizendo: ó, aqui foi feita a primeira exibição do cinematógrafo.


a verdade é que estou pouco me importando se alguém acha que eu não sou assim ou assado só pelo fato de eu parecer desse jeito. mas também é verdade que essas coisas me fazem parar pra pensar quem eu sou, de quando em quando. e quem será que eu sou? a pessoa das tatuagens grandes coloridas e visíveis ou a pessoa com crises de não se achar boa o suficiente. nem sequer boa?

[ Penkala ] 17:03 ] 0 comentários

 
eu uso óculos




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