] segunda-feira, setembro 10, 2012
 
engraçado como a gente é capaz de ser feliz pelos outros e ainda assim carregar um vazio dentro de si que não consegue preencher nunca. ser feliz pela felicidade de quem eu quero feliz e ao mesmo tempo sentir que o tornado da vida me faz ser engolida cada dia mais pelo buraco negro que vem me engolindo aos poucos. não é culpa desse sorriso, que se afasta cada dia mais do meu alcance, que meu vazio esteja cada dia maior. assim como esse sorriso não preenche o nada que simplesmente tomou conta de cada núcleo das minhas células. cada vez que acordo penso que preciso sobreviver ao dia, e que se sobrevivi ao dia, preciso sobreviver à noite. e se me machuca que o universo tenha nos aproximado tanto e ainda assim colocado um abismo entre nós, saber que em algum lugar alguém ainda carrega algumas das melhores coisas de mim me faz sentir obrigada a superar as 24 horas.

não tem um dia em que não pense em colocar um fim nesse ciclo de superações. nem um dia em que não tenha medo que esse vazio, esse buraco negro, um dia tome conta de tudo, ainda que eu esteja lutando. a depressão é injusta, meu grande amor. ela te vê ser feliz e entra em desespero. ela me convence todos os dias de que não sou digna de viver, ainda que eu realize todos os dias o milagre da minha vida. ela me dá a força dos meus golpes e, quando estou mais vulnerável, olha bem nos meus olhos e diz: te atreves a insistir neste mundo? ela me deixa falando horas comigo mesma, e me ouve dizendo "de que vale a vida?" e respondendo, rápido, pra tentar não entrar em pânico, que "tenho saúde, tenho família, tenho meu trabalho, que é isso que vale", e então, depois do meu silêncio, ela finalmente se intromete. e pergunta: "de que vales tu?". e economiza minha resposta, dizendo ela mesma: "nada".

só eu posso preencher esse vazio. por mais que meu desespero imagine a solução mágica, só eu posso preencher esse vazio. mas, embora eu tenha medo de ser engolida finalmente por isso, e meu medo seja algo como mil agulhadas em todo o meu corpo o dia todo, não depende de querer. não depende de ninguém e de nenhum querer. e é quando eu compreendo isso que eu fico mais covarde ainda diante de tudo. porque só posso enfrentar o buraco negro sozinha, mas ainda assim, não depende de força, nem de querer. e nem da coragem que tiro todos os dias nem sei de onde pra atravessar mais 24 horas. é por isso que é tão injusto.

mas hoje, no sorriso que eu não vi, mas sei que estava aí, eu acho que compreendi que essa entropia, que bagunça a vida da gente de tempos em tempos, e que numa de suas brincadeiras infantis nos colocou no mesmo caminho, talvez não tenha sido irresponsável ao te colocar tão próximo de mim e ao mesmo tempo nos separar com um abismo. pensei que eu talvez tivesse alguma coisa a te ensinar. e eu acho que é justamente o contrário.

[ Penkala ] 02:19 ] 0 comentários

 
eu uso óculos




CLICA QUE VAI:
www.flickr.com
Penkala's eu, casa & coisas photoset Penkala's eu, casa & coisas photoset

BLACK BIRD SINGING:

Get Firefox!








Powered by Blogger


RSS